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Dr.ª Inês Belchior

Pneumologista

Diagnosticar a apneia do sono pode salvar a sua vida

HPA Magazine 7


Nos últimos anos tem-se ouvido falar cada vez mais da Apneia Obstrutiva do Sono e dos riscos para a vida dos doentes, mas ainda poucas pessoas sabem do que se trata.
A Apneia do Sono é uma doença antiga mas que só foi identificada recentemente. Estamos a falar de um período de cerca de 40 anos em que se tem descoberto cada vez mais acerca da doença, das consequências que ela traz e do seu tratamento. 



 

Estima-se que atinja cerca de meio milhão de pessoas em Portugal mas sabe-se que está ainda muito subdiagnosticada. 
O que acontece nesta condição, é que durante o sono, o paciente deixa de conseguir respirar durante alguns segundos (apneia) e só volta a conseguir respirar após uma interrupção do sono (da qual pode ou não ter consciência) e, que é geralmente seguida de um forte ressonar. Esta paragem pode ser apenas parcial, chamando-se nesse caso hipopneia. Ambos os tipos de paragens respiratórias (total ou parcial) levam a uma redução significativa do oxigénio no sangue que é prejudicial para o doente. A gravidade da doença é tanto maior, quanto maior for o número de apneias/hipopneias que podem, em casos mais graves, atingir 500 paragens por noite e, apneias com 1 minuto de duração! 
Estes eventos são muitas vezes observados apenas pelo companheiro/a e são o motivo que os traz ao médico, pois os doentes não se apercebem, podendo até achar que dormiram bem toda a noite. Outras queixas frequentes são levantar-se para urinar várias vezes à noite, acordar cansado e ter dores de cabeça de manhã.
Naturalmente isto tem implicações na qualidade de sono do paciente, e consequente sonolência durante o dia, mas é muito variável. Podem existir indivíduos com 5 eventos por hora durante a noite que têm muito sono durante o dia e, outros com mais de 30/hora, não têm queixas, sendo por isso os mais difíceis de identificar e de tratar. Hoje em dia, o uso do automóvel é tão indispensável, que leva as pessoas a conduzir com níveis excessivos de sono, com consequências graves para a segurança na estrada, para o próprio e para os outros.
Infelizmente, a sonolência está longe de ser a única consequência da Apneia do Sono. Embora não se diga que alguém morreu de apneia, tal como não se diz que se morreu de colesterol elevado ou de tensão alta, todas estas condições contribuem grandemente para a mortalidade por doenças do coração. Sabe-se que a Apneia do Sono é um fator de risco muito importante para o enfarte cardíaco e para arritmia, e que os doentes que têm Apneia do Sono, se forem tratados, a mortalidade diminui e melhoram a saúde do seu coração. O mesmo é válido para a ocorrência de acidentes vasculares cerebrais (AVC) que são causa de grande incapacidade. Sabe-se que a Apneia do Sono está relacionada com a incidência de AVC e sobretudo nos que ocorrem ao acordar. Também aqui o tratamento vale a pena, pois demonstrou-se que em doentes que sobreviveram a um primeiro AVC, reduzem o risco de ter outro, se tratados daquela condição. 

O menor oxigénio que chega às células durante a noite, causada pela Apneia do Sono, afeta todos os órgãos do corpo e, o cérebro não é exceção. Nestes doentes observa-se uma degradação acelerada das capacidades cerebrais, sendo a “falta de memória” uma das múltiplas queixas que os doentes podem apresentar.
Atualmente o tratamento para a Apneia do Sono já existe (com sucesso variável), dependendo do método escolhido e da gravidade da doença. O uso do CPAP nasal ("Continuous Positive Airway Pressure" ou Pressão Positiva Contínua na via aérea) é muito eficaz e usado sempre nos casos graves. Outros tratamentos, como a cirurgia ou um dispositivo bucal podem ser usados em casos mais leves e adequadamente selecionados.
Sendo uma condição tratável e com benefícios óbvios para os doentes, é fundamental o diagnóstico e o encaminhamento correto destes doentes. Para isso é necessário efetuar um exame durante o sono, que regista as paragens respiratórias, o batimento cardíaco e o nível de oxigénio, entre outros parâmetros. Este exame pode ser feito com um aparelho que o doente leva para casa e com o qual dorme, ou em casos especiais, tem que ser feito num Laboratório de Sono. 
Se acha que pode ter Apneia do Sono, discuta isso com o seu médico ou peça ajuda ao seu pneumologista.

ESTUDO POLIGRÁFICO DO SONO OU POLISSONOGRAFIA
Este exame capta os parâmetros fisiológicos (respiratórios, neurológicos, cardíacos) e os movimentos que o indivíduo realiza durante o sono, captados através de sensores, podendo ser realizado no domicílio ou no Laboratório do Sono. Quando é realizado no domicílio, os parâmetros recolhidos são os seguintes:
> Saturação oximétrica e pulsimetria;
> Sonometria do ressonar;
> Movimentos respiratórios e fluxos respiratórios;
> Posições adotadas durante o sono.

Quando o registo é realizado no hospital a avaliação é mais abrangente, consistindo além dos anteriores, nos seguintes registos:
> Electroencefalograma (ondas cerebrais e fases do sono);
> Electroculograma (movimentos dos olhos);
> Electrocardiograma (ritmo cardíaco e pulso); 
> Electromiograma dos membros (movimentos das pernas).